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25 de fev. de 2010

ILHA COR



A ilha é branca
Quando as gaivotas
Abrem as manhãs
E pousam no sorriso
Dos que amam!
A ilha é verde
Quando o ar das montanhas
Constrói telas nos olhos
Dos que vêem!
A ilha é azul
Se os peixes encantam pescadores
Na cumplicidade de uma noite!
A ilha é cinza
Se a luz dos teus olhos
Me queima as pálpebras
Naquele instante mágico
Que é prenúncio de tristeza!
Mas a ilha é arco-íris
Se as avenidas do teu sorriso
Me entram no coração!
Ou se os olhos querem ver
Ou se a boca quer amar...
A ilha é arco-íris
Se sou verdadeiramente Homem
Para sonhar!

António Manuel de Castro
in «Mar Amor Ilha», ed. Jornal da Madeira, 1989

E-bbok

21 de fev. de 2010

Nesse tempo



No tempo em que as crianças aprendiam a desenhar
um jarro de água em cima da mesa,
uma árvore rodeada de promessas
num carrinho em madeira feito com as próprias mãos
para conquistar a distância e as manhãs

nesse tempo
havia uma grande luminosidade nos ares
uma ânsia encoberta no coração dos dias
e um rio corria limpo dos olhos das crianças.

A noite que se via no olhar do caminheiro
era uma seta apontada ao futuro
e o destino era uma promessa de espigas loiras
de trigo plantadas na cidade
das grandes luzes para afugentar a noite.

Nesse tempo havia uma palavra nunca dita
a dar corpo à raiz dos corações,
porque o caminheiro havia de ter uma árvore
desenhada por uma criança
enfeitada de palavras, numa rua da cidade.

Vieira Calado

5 de fev. de 2010

Imaginação



A imaginação é magia e é arte
que nos faz inventar, sonhar e viajar.
Com imaginação podemos ir a Marte
ou ao centro da Terra, ou ao fundo do mar.

Com imaginação nunca estamos sozinhos.
A imaginação é um voo, um lugar
onde temos amigos, onde há outros caminhos
nos quais, sem te mexeres, podes ir passear.

Inventa uma cantiga, um poema, um desenho
um arco-íris, um rio por entre malmequeres;
esse lugar é teu, sem limite ou tamanho.
A esse teu lugar, só vai quem tu quiseres.

Rosa Lobato de Faria
(20 de abril 1932/05 de fevereiro de 2010)

O olhar vagabundo



Tão náufrago como se fora um órfão,
fixou no vazio o olhar vagabundo.
Um estremecimento no seu pescoço,
manchado de juventude,
fez ecoar solitários ventos
sobre os ombros de um destino
ébrio de luz.

Graça Pires
De 'Conjugar afetos', 1997

Castelos encantados



Que podemos fazer, se as nuvens
tecem no azul castelos encantados?
Ou serão as sombras dos barcos sem rota,
esperando os marinheiros perdidos
e desvairados do apelo do mar?
Que fazer quando, de olhar assombrado,
é infrutífera qualquer tentativa
de suspeitar dos sentidos?

Graça Pires
De 'Conjugar afectos', 1997