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5 de dez. de 2013

''Amor ''


 
Busque Amor novas artes, novo engenho,
Pera matar - me, e novas esquivanças;
Que não pode tirar - me as esperanças,
Que mal me tirará o que eu não tenho.


Olhai de que esperanças me mantenho!
Vede que perigosas seguranças!
Que não temo contrastes nem mudanças,
Andando em bravo mar, perdido o lenho.


Mas, conquanto não pode haver desgosto
Onde esperança falta, lá me esconde
Amor um mal que mata e não se vê;


Que dias há que na alma me tem posto
Um não sei quê, que nasce não sei onde,
Vem não sei como, e doi não sei por quê...

Luís Vaz de Camões
de 'Obras completas'