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21 de fev. de 2010

Nesse tempo



No tempo em que as crianças aprendiam a desenhar
um jarro de água em cima da mesa,
uma árvore rodeada de promessas
num carrinho em madeira feito com as próprias mãos
para conquistar a distância e as manhãs

nesse tempo
havia uma grande luminosidade nos ares
uma ânsia encoberta no coração dos dias
e um rio corria limpo dos olhos das crianças.

A noite que se via no olhar do caminheiro
era uma seta apontada ao futuro
e o destino era uma promessa de espigas loiras
de trigo plantadas na cidade
das grandes luzes para afugentar a noite.

Nesse tempo havia uma palavra nunca dita
a dar corpo à raiz dos corações,
porque o caminheiro havia de ter uma árvore
desenhada por uma criança
enfeitada de palavras, numa rua da cidade.

Vieira Calado

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