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29 de mai. de 2012

'NADA E TUDO'


Nada e tudo são ao mesmo tempo
Igual mundo fechado e aberto
Quando um se põe a descoberto
Logo outro se opõe ao seu intento

Nada é assim, do tudo, um pouco
Que se sente vazio nesse tudo
Calando-se a alma no corpo mudo
E o universo nesse ser louco

Acenda-se a luz no breu intenso
Que o sonho vai alto mas já sem rumo
Olhos fechados no longe imenso

Sempre que se vê a porta trancada
O nada é tudo, denso de fumo
No tempo perdido que só foi nada.

Paulo Filipe

Paulo Duarte Filipe nasceu em 3 de Setembro de 1962, em Oliveira do Bairro, distrito de Aveiro, Portugal. Com poucos meses de vida, foi levado pelos seus pais para África, Angola. Cresceu aí até aos 12 anos, idade com que ganhou seu primeiro prêmio de desenho. Regressa a Portugal pouco depois. Considera-se, claramente, mais africano do que europeu. Fixa residência em Faro. Já viveu na ilha Terceira, Açores e em Londres onde realizou inúmeras exposições. Escreve regularmente para revistas e rádio. Tem diversos livros escritos que, a seu tempo, serão editados. A sua iniciação ao surrealismo deu-se por volta dos 14 anos. No entanto, feita essa aprendizagem, tentou seguir um caminho literário que lhe permite-se permanentemente recriar-se. O seu estilo peculiar de escrita é facilmente identificável pela originalidade da forma gráfica e pela total ausência de quaisquer regras ou conceitos estereotipados. Criar, para ele, é sobretudo um acto intuitivo de pura expansão/interiorização de fluidos cósmicos, da essência da loucura.

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