Nem sempre
a vida acolhe ou alimenta
os nomes do passado, o seu abismo
repetido num sonho, na mais lenta
assombração, no mais íntimo sismo
Do que chamamos alma. Não existo
sem essa febre mansa que relembro
enquanto as nuvens cobrem tudo isto
com o frio escuro de um dezembro
Longe de mim, de ti, de qualquer lei
ou juízo a que demos um sentido:
o que finjo saber é o que não sei
e as palavras colam-se ao ouvido.
Fernando Pinto do Amaral
(Lisboa, 12 de Maio de 1960)
Um poema de primeira grandeza!
ResponderExcluirA magia da vida é um engôdo. Nada se repete, e quem afirma saber, nada sabe.
Parabéns, poeta!
Forte Abraço!
Mirze