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26 de set. de 2013
''ESCREVO VERSOS AO MEIO-DIA''
Escrevo versos ao meio-dia
e a morte ao sol é uma cabeleira
que passa em frios frescos sobre a minha cara de vivo
Estou vivo e escrevo sol
Se as minhas lágrimas e os meus dentes cantam
no vazio fresco
é porque aboli todas as mentiras
e não sou mais que este momento puro
a coincidência perfeita
no ato de escrever sol
A vertigem única da verdade em riste
a nulidade de todas as próximas paragens
navego para o cimo
tombo na claridade simples
e os objetos atiram as suas faces
e na minha língua o sol trepida
melhor que beber vinho é mais claro
ser no olhar o próprio olhar
a maravilha é este espaço aberto
a rua
um grito
a grande toalha do silêncio verde"
[António Ramos Rosa]
(Faro, 17 de Outubro de 1924 - Lisboa, 23 de Setembro de 2013)
in "Estou vivo e escrevo sol"
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