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6 de ago. de 2009
A mão feliz
Há palavras que têm no poema uma função teatral
como as palavras com que se sai de cena.
É então que a mão pousa a caneta
pensando ser capaz de pegar na chávena
ou regar as plantas
nua.
A mão feliz está rodeada por palavras até à ponta dos dedos.
Sentamo-nos à mesa com elas
o nosso modo de amar depende delas
e os nossos beijos são a língua delirante do poema.
Depois da cena inútil da caneta pousada sobre a mesa
em que a mão sente que sofre um sofrimento
que não é de ninguém
um milagre acende o gesto que se perde na distância
de um "lá" que ninguém olha,
maravilhosa palavra com que saio do poema.
Rosa Alice Branco
(Aveiro 1950)
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