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11 de jul. de 2009

RELATO



Foi longo o meu caminho de poeta,
Com versos de agonia demorada.
A vida imaginada
Paralela
À outra, acontecida.
E ambas a enfunar a mesma vela
Já sem rumo à partida.
Os áugures previam,
Os mapas ensinavam,
A bússola apontava...
Mas faltava a fé das almas confiadas.
Teimoso, repetia
A pergunta inquieta que fazia
Ao vazio das horas navegadas.
Que certa direção
Dar ao timão
Numa viagem sem qualquer sentido?
O mar diariamente enfurecido,
O céu diariamente enevoado,
E o barco fatalmente conduzido.
A um cais de morte sempre adivinhado...


Miguel Torga

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