BONECO DESFEITO
Surgiu no palco, um dia um bailarino,
Surgiu soberbamente nu, - jogando
Nas mãos ageis de clown e de menino
Cem máscaras rodando, rodopiando...
Sobre um décor violento e sibilino
Cegamente bailou, tombou bailando,
Como se mais não fora seu destino
Que os eu bailado altivo e miserando.
No palco jaz agora um mutilado:
Jaz morto e nu, decapitado, olhado
Por milhões de olhos sem pudor nem vista.
...Que as máscaras sem fim que ele jogara
Não eram mais, talvez, que a própria cara
Dum desgraçado e humano ilusionista!
José Régio
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