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19 de out. de 2013

Abril



Brinca a manhã feliz e descuidada, 
como só a manhã pode brincar, 
nas curvas longas desta estrada 
onde os ciganos passam a cantar. 
Abril anda à solta nos pinhais 
coroado de rosas e de cio, 
e num salto brusco, sem deixar sinais, 
rasga o céu azul num assobio. 

Surge uma criança de olhos vegetais, 
carregados de espanto e de alegria, 
e atira pedras às curvas mais distantes 
- onde a voz dos ciganos se perdia. 


Eugénio de Andrade
In ‘O Sal da Língua’ (1995)

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