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18 de out. de 2013

Deixa a mão



Deixa a mão
caminhar
perder o alento
até onde se não respira. 

Deixa a mão
errar
sobre a cintura
apenas conivente
com nácar da língua. 

Só um grito desde o chão
pode fulminá-la. 

A morte
não é um segredo
não é em nós um jardim de areia. 

De noite
no silêncio baço dos espelhos
um homem
pode trazer a morte pela mão. 

Vou ensinar-te como se reconhece
repara
é ainda um rapaz
não acaba de crescer
nos ombros
a luz
desatada
a fulva
lucidez dos flancos. 
A boca sobre a boca nevava. 

Eugénio de Andrade

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